
A história da fundação da Santa Casa de Misericórdia tem início com a morte do comerciante Theodoro Rodrigues de Nazareth, ocorrida em 21 de dezembro de 1901. Conhecido como Teodoro Rodrigues nasceu na Bahia, em 1850, e em 1888 foi citado como dono do único hotel de São José do Rio Preto. Foi um dos primeiros iniciados da Loja Maçônica Cosmos, em 1899, com 37 anos. Em 1901, ele se adoentou. A cidade não tinha médicos, nem estradas que permitiriam uma rápida locomoção para Jaboticabal ou Araraquara. Ciente de que estava preste a morrer, ele chamou seus irmãos de maçonaria e fez doação de um imóvel, avaliado em 6:000$000 (seis contos de réis) na Boa Vista, para que fosse construído um hospital de caridade.
O inventário só foi concluído em 1908, o que possibilitou mãos maçons discutirem a fundação da Casa de Caridade, sob a liderança do prefeito Adolpho Guimarães Corrêa e Belmiro José Gomes, os dois maiores líderes da maçonaria naqueles tempos. Ainda neste ano, em 28 de outubro, a Câmara Municipal, sob a presidência de Roque Álvares Vieira de Magalhães, alocou no Orçamento de 1909, uma verba de 3:000$000 (três contos de réis) para a instalação do hospital.

Com a verba assegurada, o venerável da Cosmos, Adolpho Guimarães Corrêa convocou uma reunião para o dia 1 de janeiro de 1909 para a fundação da Sociedade da Santa Casa de Caridade de Rio Preto (nome correto da cidade de 1906 a 1944, sem o São José). A reunião foi presidida por João Baptista de Castro Rodrigues, juiz de Direito titular, e secretariada pelo cartorário, major Léo Lerro. A Mesa Diretora foi formada por Adolpho Guimarães Corrêa, provedor; o médico Aristides Serpa, vice-provedor; Léo Lerro, secretário; João Gomyde, procurador e Benedicto Tavares de Oliveira, tesoureiro e integrada pelo padre Antonio Purita, os advogados Arlindo Carneiro e João Odorico da Cunha Glória, os cartorários Cândido Spínola Castro e Victor Britto Bastos, o banqueiro Chaim José Elias, o juiz João Baptista de Castro Rodrigues, o promotor Turíbio de Souza Mattos, o delegado José de Molina Quartim, os fazendeiros José Ferreira Júlio, José Scaff e o capitão José Maria, o industrial José Musegante, o engenheiro Ugolino Ugolini e os comerciantes Luiz de Góes Pietsch e Sabino de Rubbo.

Fundada a Casa de Caridade, como era chamada nos primeiros tempos, uma das maiores dificuldades para a instalação era a falta de um prédio adequado para o funcionamento de um hospital. A diretoria arregaçou as mangas para construí-la, mas a obra não progredia. Em 14 de janeiro de 1911, dois anos após a constituição da diretoria, os socialistas José Palma, professor, e o imigrante italiano Paulo Bongiorno, também maçons, ofereceram a ajuda Liga Operária Internacional, recém-fundada na cidade.
Os operários, pedreiros e carpinteiros ligados à Liga, uniram-se aos maçons para concluir as obras gratuitamente na rua Pedro Amaral. O esforço da comunidade permitiu que a Casa de Caridade fosse inaugurada no dia 11 de junho de 1912, às 7 horas da manhã, em uma solenidade com discursos do prefeito Adolpho Guimarães Corrêa, do advogado Ulisses Barreto Vinhas, do padre Joaquim Antonio do Canto, do engenheiro Manoel Portugal Freixo e do médico Manoel Martins do Pilar. Após a benção do vigário, foi distribuída cerveja, da fábrica de Frederico Bocchi, que era maçom e membro da Liga, sob os acordes da banda Lyra Riopretense, do maestro Antonio de Pádua Gomyde.
O hospital foi inaugurado com duas enfermarias de 18 leitos, sendo 12 para homens e seis para mulheres. As dificuldades para manter o hospital aberto, em que pese o trabalho gratuito dos médicos Aristides Serpa e Fritz Jacobs, eram enormes. Nos primeiros dias de funcionamento, o imigrante árabe J. Felippe fez uma coleta entre seus patrícios, levantando 700 mil réis em doações; enquanto Cine Pathé fez uma sessão de cinema com renda revertida à Casa de Caridade, arrecadando mais 500 mil réis, por esforço das jovens rio-pretenses que abraçaram a causa. No total, um conto e duzentos mil reais (algo em torno de 1,2% do orçamento municipal).
Em 1913 a situação piorou. Para comemorar seu 14º aniversário de fundação, a Loja Cosmos preparou uma programação inteiramente voltada para o hospital. Os maçons e as jovens saíram às ruas da cidade “esmolando em benefício da Casa de Caridade. No dia 8 de fevereiro, a loja promoveu, a partir das 16 horas, uma tômbola (bingo) com sorteio e leilão de prendas, e à noite, realizou uma sessão magna. O ano foi complicado, mas o hospital manteve-se em funcionamento.
Até o primeiro semestre de 1914, ainda que precariamente, o hospital funcionou. Com o início da guerra, em junho, agravou-se a crise mundial, atingindo também a pequena São José do Rio Preto. Em setembro, os maçons realizaram, uma quermesse para levantar fundos, porém era tarde demais. Sem ajuda oficial, com uma guerra em curso, o atendimento médico foi paralisado.
Então chegou a gripe espanhola. No dia 2 de novembro de 1918, Belmiro Gomes levantou a questão em loja: “a moléstia está passando em nossa cidade” e as pessoas estavam morrendo. Todos foram unânimes em favor da reabertura do hospital, assinalando que após a pandemia ele deveria continuar “aberto aos pobres”. Para reabrir a Casa de Caridade formou-se uma comissão integrada por Belmiro Gomes, Izidoro Expósito, José Demétrio e Nagib Gabriel. Na semana seguinte, em 16 de novembro, o fabricante de cervejas Frederico Bocchi, anunciou que havia feito uma coleta na cidade e angariado uma boa quantia de recursos, o que permitiu que, no dia seguinte, a Casa de Caridade fosse reaberta, com os médicos Fritz Jacobs e José Mendes Pereira à frente do atendimento.
No dia 18 de janeiro de 1919, os maçons decidiram refazer o regimento interno do hospital, enquanto delegava tarefas para busca de recursos. Carmo Laurito assumiu a receber mensalidade para a manutenção do hospital enquanto os irmãos Francisco de Sá Telles e Manoel Antonio Junior percorreriam Tanabi, Monte Aprazível e Mirassol em busca de donativos. Manoel Junior havia passado o mês de outubro internado com gripe em Araraquara e sabia da necessidade de atendimento especializado. Ainda em abril de 1919 alguns maçons concluíram que manter aberto o hospital era encargo demais para uma loja maçônica, enquanto outros acreditavam no projeto e defendiam que o projeto deveria ser ampliado, com reforma do prédio e novos cômodos. Havia uma dívida de 7:934$000 ou seja, quase 8 contos de réis.
Pensou-se em construir um novo prédio, colocando para Nagib Gabriel a missão de orçar as obras. Ao mesmo tempo, foram nomeados Frederico Bocchi, Belmiro Gomes, Carmo Laurito e João Gomyde para cuidarem da reforma e ampliação do prédio em uso. Todavia, em outubro nada tinha saído do lugar. A loja decidiu que o venerável Nagib Gabriel deveria nomear um zelador para cuidar do hospital. Ele nomeou Carmo Laurito zelador para o mês de novembro e José Polacchini Sobrinho para dezembro. Simultaneamente, ele formou uma comissão composta por Filemon de Menezes, Belmiro Gomes, Paschoal Donadio, Carmo Laurito e Elias Gabriel para resolverem a falta de vários objetos para que o hospital funcionasse adequadamente. A comissão decidiu efetuar a compra pela própria loja, sem recorrer a donativos da população. No dia 20 de dezembro de 1919, Belmiro Gomes, o maior defensor de que a loja cuidasse do hospital fez uma indicação surpreendente, que era a de se fundar uma instituição sem vínculos com a maçonaria para a manutenção e funcionamento da Casa de Caridade. Belmiro Filemon de Menezes e Antonino Ferreira foram nomeados para estudar a proposta. Enquanto se resolvia a questão, o hospital ficaria sob os cuidados d loja, que nomeou Sansão Lino Machado como zelador.
Em 31 de julho de 1920 a loja admitiu que a situação era dramática. Não havia mais condições. Foram abertas as discussões e falaram sobre o assunto, além de Belmiro, os irmãos Francisco Gonçalves Pereira, Elias Madi, José Demétrio e Miguel Daher. No final, foi delegada ao venerável Belmiro carta branca para se reunir com médicos e outros membros da sociedade para resolver a questão do hospital. Ou seja, os maçons decidiram que não havia condições de administrar a Casa de Caridade.
Dois meses depois tudo voltou para a estaca zero. Um grupo de maçons decidiu que a loja devia continuar tocando o hospital. Após muita discussão a proposta foi colocada em votação. Deu empate. O voto de desempate coube a Belmiro Gomes, que votou a favor da proposta: manter o hospital sob a custódia da Loja Cosmos. Na verdade, a maçonaria não reunia mais condições de manter a iniciativa e no dia 17 de novembro de 1920 fechou as portas da Casa de Caridade, desta vez, definitivamente, após funcionar como “Isolamento Municipal” para tratamento na epidemia de varíola.
Um mês depois, em 18 de dezembro, a Loja Cosmnos recebeu uma carta assinada pelos Justino de Carvalho, Cenobelino de Barros Serra, José Mendes Pereira e Ernani Pires Domingues no qual se propunham a arrendar o hospital. Nagib Gabriel e Filemon de Menezes acharam a proposta interessante e convocaram os irmãos para uma reunião em 13 de janeiro de 1921 para debater o assunto. Eles não aceitaram o arrendamento e propuseram a venda, de forma que a loja pudesse saldar as dívidas contraídas com a manutenção do hospital.
Para Belmiro, a decisão da maioria tinha sido incoerente. Para ele, o que estava em jogo não era a situação financeira “mas a enorme dificuldade das pessoas pobres que não tem acesso aos recursos médicos oferecidos pelas clínicas particulares”. A proposta dos médicos recusada pelos maçons abriu espaço para ao surgimento de uma instituição que, dando sequência ao que fora iniciado no primeiro dia 1909, fundou a Santa Casa de Misericórdia. No dia 31 de agosto de 1921, Nagib Gabriel entregou aos médicos 28 camas, 16 colchões, 22 travesseiros, 18 lençóis, 21 fronhas, 10 cortinas, 27 urinóis, seis colchas, quatro armários, duas mesas, um relógio, um pote para água, uma mesa para operações e um esfriador de leite. Desligando-se do hospital, a loja assumiu todas as dívidas contraídas até aquele momento e por dois anos manteve em seu orçamento uma doação para a Santa Casa.
Com a fundação da nova instituição, a Câmara Municipal, sob a presidência de José Nogueira de Noronha, aprovou em 6 de agosto de 1920, a doação de um terreno para a construção de “um grande moderno hospital”, em acordo definido com o prefeito Presciliano Pinto e o vice-prefeito Neca Medeiros, este último foi autor do projeto que autorizou o Poder Executivo a proceder a desapropriação dos dois terrenos de Paschoal Purita, na rua São Paulo (atual Fritz Jacobs), entre as ruas Jorge Tibiriçá e Tiradentes, com 23.232m2. A Câmara também garantiu no Orçamento de 1921 uma verba de 20:000$000 (vinte contos de réis) para as obras da Santa Casa.
Apesar da compra do terreno e da epidemia, o assunto Santa Casa perdeu forças e só voltou à tona em 13 de junho de 1921, quando os estatutos foram aprovados em uma reunião com os médicos Cenobelino de Barros Serra, José Mendes Pereira, Ernani Pires Domingues e Justino de Carvalho, os advogados Alceu de Assis, Fernando Gomes, João dos Reis Meirelles, José Nogueira de Noronha e João Amâncio Faria Motta, mais o fazendeiro Manoel Jorge Medeiros e Silva (Neca Medeiros) e os comerciantes Manoel de Souza Varella e Nagib Gabriel. Ainda em 1921, foi feita concorrência para apresentação das plantas do futuro hospital, vencida pelo engenheiros Rene Sandrewsky, Ricardo Guimarães e Cesarino Natividade.
Em 12 de março de 1922, foi lançada a pedra fundamental para a construção do prédio com direito a banda de música, missa campal, fogos de artifício e discursos de Neca Medeiros, prefeito em exercício, e do advogado Alceu de Assis. Os fundadores arregaçaram as mangas e deram início à construção, mas logo depois tiveram que parar por falta de dinheiro. Formou-se então uma comissão integrada pelos médicos Cenobelino de Barros Serra e Ernani Pires Domingues e o empresário Feliciano Salles Cunha, enquanto José Mendes Pereira iniciava uma grande campanha realizando quermesses e outros eventos para angariar fundos.
A diretoria formada em 1922 foi constituída pelo advogado Fernando Gomes, provedor; coronel Neca Medeiros, vice-provedor; Alceu de Assis e Justino de Carvalho, secretários; João dos Reis Meirelles e Manoel de Souza Varella, tesoureiros, mais João Amâncio de Faria Motta, José Nogueira de Noronha, Cenobelino de Barros Serra, Ernani Pires Domingues, José Mendes Pereira e Nagib Gabriel como membros.
As obras estavam morosas quando Feliciano Salles Cunha decidiu assumir a direção do hospital, depois de ser insuflado por artigos publicados no jornal recém-fundado A Notícia. Os primeiros artigos foram da lavra do redator Dario de Jesus, que obteve uma resposta publicada na primeira página da edição nº 7, de 7 de dezembro de 1924, como uma carta assinada pelo médico português Justino de Carvalho. O médico termina sua carta afirmando que “contei pelos dedos os barões assignalados da cidade e não encontrei nenhum: nem eu mesmo!” Cinco dias depois, em 12 de dezembro, na edição nº 11, editorial de A Notícia anuncia que Feliciano Salles Cunha estava disposto a aceitar o encargo administrar a construção da nova Santa Casa. Em 30 dezembro, uma pequena nota em A Notícia informa que Congresso Estadual (deputados e senadores estaduais) havia aprovado uma verba de 12 contos de réis no orçamento de 1925 destinado a Santa Casa de Rio Preto.
Após tomar pé da situação, a primeira ação de Feliciano Salles Cunha, acompanhado de Cenobelino de Barros Serra, foi procurar a Loja Cosmos e pedir a cessão do prédio onde funcionou a Casa de Caridade, de 1909 a 1921, para a instalação provisória da nova Santa Casa. A ideia básica era clara: ter um pequeno hospital para atender a população e ao mesmo tempo implementar as obras do novo prédio.
Em 21 de janeiro de 1925, às 8 horas da manhã, Feliciano reúne um grupo de cidadão no prédio cedido pela Cosmos, recebendo da mãos de Nagib Gabriel, representante da maçonaria, as chaves do imóvel. Nesta reunião, foi organizado um sistema de rodízio para cuidar do hospital: Feliciano Salles Cunha, para janeiro e fevereiro; Constantino Cherubini, março; Cenobelino de Barros Serra, abril; Izidoro Exposito, maio; Nagib Gabriel, junho; Ernani Pires Domingues e Nelson da Veiga, julho; José de Assis, agosto; Chaim José Elias, setembro; Alceu de Assis, outubro; José Nogueira de Noronha novembro e João Bassitt, dezembro.
A posse de Feliciano movimentou a cidade e logo em fevereiro, a comissão conseguiu arrecadar nada menos que 162 contos de réis (dinheiro suficiente para comprar quatro casas de alto padrão na Redentora, conforme anunciado n’A Notícia no dia anterior). Fizeram doação: Presciliano Pinto, Manoel Reverendo Vidal e Câmara Municipal, 20 contos cada; Empresa Paulista de Colonização (Fernando Gomes e Clóvis Botelho Vieira), 12 contos; Feliciano Salles Cunha, Cenobelino de Barros Serra, Ernani Pires Domingues, João Bassitt, Moysés Miguel Haddad, Oswaldo de Carvalho, João Gabriel & Irmãos; Chaim José Elias e C. Cherubini & Irmãos. Entre 2 de fevereiro e 2 de abril foram arrecadados mais 70 contos de réis em pequenas doações. Com dinheiro em caixa, contratou-se a empresa de Raphael Fiorda para a construção.
No início de outubro de 1925, a Santa Casa recebe do coronel Oswaldo de Carvalho a doação de 30 camas higiênicas, próprias para enfermaria. No dia 26 de outubro, a Câmara aprovou emenda do vereador Cenobelino de Barros Serra autorizando a Prefeitura a arrecadar um adicional de 5% sobre todos os impostos municipais para aplicar na construção da Santa Casa, que estava em obras. Essa emenda rendeu 18:878$476
Em 13 de fevereiro de 1926, a Câmara Municipal, sob a presidência de Cândido Gonçalves da Rocha, concedeu à Santa Casa o privilégio de explorar, por dez anos, a construção de carneiras no Cemitério Municipal. Era mais uma forma de ajudar no levantamento de recursos financeiros; como a Cultura Artística que apresentou no Phenix Cinema, na noite de 1 de agosto de 1926, a revista de costumes “Cá entre nós…” e a dias depois, houve uma luta romana na cidade que rendeu mais 80 mil réis para a Santa Casa. Em 7 de outubro, no Éden Park, teve início a uma quermesse com quatro barracas: a Ford, com as senhoras Pequetita Noronha, Railda Gomes de Oliveira e Alice Mendes Pereira; a Chevrolet, com Maria de Queiroz Lima, Olívia Gomes e Nair de Assis; a Oldsmobile, com Evangelina Junqueira, Luiza Marreli Caramuru, Ephantina Martinez e Amélia Azevedo, e a Buick, com Tida Carvalho, Isolina Oliveira, Annita Costa Neto e Dayse Lopes Silva. Na barraca dos donativos, foram registradas duas doações na primeira noite, uma de José Spinola Castro e outra da Associação das Damas de |Caridade, no valor de 1:000$000 (um conto de réis) cada. A festa deu bom resultado.
No dia 27 de março de 1927 foi inaugurada a primeira parte da Santa Casa, em uma solenidade que contou com missa campal. A mesa de autoridades convidadas contou com o juiz de direito Antonino do Amaral Vieira, prefeito Victor Britto Bastos, promotor público Álvaro Toledo de Barros, comissário de polícia Tavares de Almeida, o provedor Fernando Gomes, os responsáveis pela conclusão das obras Feliciano Salles Cunha, Cenobelino de Barros Serra e José Mendes Pereira; o vice-provedor Neca Medeiros, os vereadores Alceu de Assis, Nelson da Veiga e Ângelo Corrêa; Nagib Gabriel, presidente da Acia, atual ACIRP, e Justino de Carvalho e Izidoro Expósito, membros da Mesa. Os discursos foram proferidos pelo juiz Antonino Amaral, José Mendes Pereira e Alceu de Assis. Durante a solenidade, a Associação das Damas de Caridade doou 57 lençóis de cretone, 45 fronhas, 30 colchas e 7 quadros; Railda Gomes de Oliveira ofereceu porta-vasos e toalhinhas; um grupo de senhoras e jovens doou 337$000 que pediram junto ao povo; e Felippe Gagliardi doou um conto de réis. Duas bandas musicais alegraram o evento, gratuitamente.
Em 1928, já com a primeira ala funcionando, a Santa Casa está pronta e recebe subvenções das Câmaras Municipais de Rio Preto, 47:000$000 (47 contos); Nova Granada, 2:400$000 (2 contos e 400 mil réis); Mirassol, 5:000$000 (5 contos) e de Monte Aprazível, 2:000$000 (2 contos); do governo estadual, 12:000$000 (12 contos) e sua receita é complementada pela construção de carneiras no cemitério e mensalidade dos sócios. Prestam serviços os médicos Américo do Nascimento, Cenobelino de Barros Serra, Gilberto Silva, Israel Alves da Silva, José Borges de Carvalho, José Mendes Pereira e Justino de Carvalho.
Mas a sociedade não abandona a instituição, como este exemplo de 30 de junho de 1930, às vésperas de uma revolução, um grupo de moças se reúne e decide pedir donativos para ajudar a Santa Casa na compra de rouparias. O provedor Justino de Carvalho prestou conta do dinheiro recebido e dos gastos publicando um balanço: as moças arrecadaram 1:030$000 (um conto e trinta mil réis) que deram para comprar 72 lençóis, 50 fronhas, 25 cobertores, 24 colchas, 12 toalhas, 6 aventais para médicos e 4 panos de operações. O grupo de moças era formado por Maria Theresa Castilho, Mariinha Jalles, Herta Bussi, Theresa Rosa, Linda Negrelli, Margarida Teixeira de Carvalho, Eglantina Toledo de Barros, Zenaide Nunes Ferreira, Helena Homsi e Mary Cury.
Em 30 de dezembro de 1931, chegaram as Irmãs Franciscanas para atuarem na Santa Casa como enfermeiras. Elas tomaram posse no dia seguinte, 31, com missa campal celebrada por D. Lafayette. Com sede na Áustria, elas foram convidadas pelo bispo D. Lafayette Libânio, após acordo feito com a Santa Casa, na provedoria de João Camarero. Elas eram da Congregação da Irmãs Franciscanas da Imaculada Conceição, uma instituição com sede na cidade de Graz, na Áustria, onde foi fundada em 1841. Várias irmãs passaram pela Santa Casa, mas uma delas deixou sua marca na comunidade, a Irmã Miguela, cujo nome verdadeiro era Maria Michaella Berger. Em 2001, em uma eleição para a escolher as 100 mulheres mais importantes do século XX na cidade, ela foi uma das eleitas, apesar de ter-se mudado de Rio Preto por volta de 1964.
Em 1936, o médico Fritz Jacobs e sua mulher, Anna, doaram para a Santa Casa duas casas construídas em Rio Preto e uma em Nova Granada, avaliadas em 53 contos de réis, proporcionando uma renda anual na ordem 6 contos de réis. Ao prestar contas do ano de 1936, o provedor João Camarero informa que 15 médicos atuam no hospital sob a chefia do doutor Mendes Pereira cuja equipe se completa com três enfermeiros, duas enfermeiras, um farmacêutico e quatro religiosas chefiadas pela irmã Anatolia. Foram 811 internações e 1.125 atendimentos ambulatoriais, registrando 552 cirurgias, 21.743 curativos, 10.077 injeções aplicada, 2.512 consultas e aviadas 2.913 receitas. E foram 73 óbitos. (A Notícia, 5/12/1937, edição 3.500; página 3).
No dia 22 de janeiro de 1939, aconteceu fato surpreendente na Santa Casa. A diretoria que vinha sendo comandada por João Camarero, como provedor, tendo Sebastião Branco Miranda como vice-provedor; Elias Mussi, tesoureiro; Ettore Zini, vice-tesoureiro; Vicente Filizolla, secretário; José Mendes Pereira, diretor clínico e Alceu de Assis, procurador; foi reeleita sob aplausos e elogios. Entretanto, a nova diretoria abdicou da reeleição e pediu a eleição de uma nova diretoria. Marcada nova eleição para o dia 29 de janeiro, os eleitores da Santa Casa não compareceram. Com isso, João Camarero, Sebastião Branco de Miranda e Elias Mussi entregaram seus cargos aos substitutos estatutários, com Vicente Filizolla assumindo provisoriamente o cargo de provedor (A Notícia, 31 de janeiro de 1939, edição nº 3.820). Em 5 de fevereiro foi realizada a eleição e Elias Mussi foi eleito provedor, Sebastião Branco de Mirando permaneceu como vice-provedor, Ettore Zini, tesoureiro e Vicente Filizolla, secretário.
As obras de reforma e ampliação da Santa Casa foram acontecendo de acordo como crescimento da cidade e as necessidades sanitárias e médicas. Segundo o historiador Basileu Toledo França, no livro Rio Peto de Ontem, publicado 1947, o edifício teve sua primeira ampliação em 1937 e segunda em 1947. Porém, em 25 de junho de 1939, o provedor Elias Mussi realizou assembleia geral para autorizar a construção da “enfermaria para senhores (parte final da construção do prédio)”. Com essa nova ala, a Santa Casa ampliaria seu atendimento de 80 para 150 leitos.
No dia 14 de janeiro de 1940, segundo o jornal A Notícia, aconteceu a “inauguração do imponente salão nobre e a escadaria da entrada principal do novo edifício.” Várias autoridades estiveram presentes, como o bispo D. Lafayette Libânio e o ex-deputado federal Theothônio Monteiro de Barros Filho. No mesmo ato, foi realizada nova eleição de diretoria, com o médico José Mendes Pereira sendo eleito provedor.
Foram diretores clínicos Justino de Carvalho, José Mendes Pereira, Cenobelino de Barros Serra, Ernani Pires Domingues, Tácio de Barros Serra Dória, Synésio de Mello e Oliveira, Orlando Arruda Barbato, Radovir Antonio dos Santos, Wenceslau Botelho, Lauro César Pereira Ribeiro, Raul de Aguiar Ribeiro, Hélio Cherubini, Elias José Raduan, Antonio Roberto Ismael, Carlos Roberto Roquette Lima, Edilberto de Araújo, João Roberto Antonio, José de Seixas (Murilo), Ivan Mocdeci Miziara, Miguel Hernandes Filho e Carlos Eduardo Grassi Mazzedo e Oscar Ricardo Silva Dória.
Foram provedores da Santa Casa Adolpho Guimarães Corrêa, Belmiro José Gomes, Fernando Gomes, José Mendes Pereira, João Camarero, Elias Mussi, Murchid Homsi, Wenceslau Botelho, José Arroyo Martins, Paulo Macedo Garcia, Afiz Nassif, Darcy Rubens Nogueira e José Nadim Cury.
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